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21 de dezembro de 2017

ODEBRECHT DIZ QUE 'INVESTIA' EM AÉCIO PELO 'POTENCIAL POLÍTICO'

Em depoimento prestado à Polícia Federal por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), o empreiteiro Marcelo Odebrecht, 49, afirmou que "investia" no senador Aécio Neves (PSDB-MG), então governador de Minas Gerais, por seu "grande capital e potencial político". Por isso, segundo Marcelo, ele orientou seus executivos a serem "mais generosos nas doações de campanha".

Em contrapartida, segundo o empreiteiro, Aécio "sempre se mostrava disposto a atender as solicitações de apoio que lhe eram feitas pelo Grupo Odebrecht" ou pelo próprio Marcelo.

O depoimento foi prestado no último dia 16 de novembro na Superintendência da PF em Curitiba (PR) e anexado aos autos da investigação na tarde desta quarta (20).

O dono da Odebrecht, que fechou acordo de delação com a PGR (Procuradoria-Geral da República), disse que as contribuições eleitorais "que eram concedidas por solicitação de Aécio" deveriam ser "relativamente maiores do que quando se compara com outros políticos". Segundo Marcelo, havia uma "grande perspectiva no futuro" da relação com ele.

Marcelo disse que conheceu Aécio por volta de 2001 ou 2002, quando o tucano era deputado federal. A partir de 2006, a relação ganhou "um cunho mais pessoal", pois ele recebia Aécio em sua casa "para encontros onde conversavam sobre política de uma forma geral, sobre o projeto político de Aécio, que mirava a Presidência da República".

Também falavam, segundo o empresário, sobre "os conflitos que havia" entre a Odebrecht, a Andrade Gutierrez e a Cemig, central elétrica do governo mineiro.O depoimento foi prestado no inquérito que tramita no STF para apurar as obras de construção da Cidade Administrativa, sede do governo de Minas feita durante a gestão de Aécio como governador do Estado (2003-2010).

A investigação foi aberta a partir das declarações feitas por dois executivos que também fecharam acordo de delação premiada, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o "BJ", 57, e Sérgio Luiz Neves, 57.A parte destinada à Odebrecht custaria inicialmente R$ 90 milhões, de um lote total de R$ 300 milhões que depois subiu para R$ 350 milhões. Assim, a Odebrecht deveria pagar cerca de R$ 2,7 milhões em propina.

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