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13 de junho de 2017

A AGUDA CRISE POLÍTICA E O LUGAR DA LUTA DE CLASSES

A crise política é colossal. Temer vive hoje para não morrer amanhã. É uma agonia por dia no desenrolar de um filme macabro.O governou venceu na batalha do TSE, mas a fração político-institucional articulada em torno da Lava Jato ainda tem balas na agulha.

O procurador-geral, Rodrigo Janot, deve enviar ao STF, possivelmente nessa semana, o parecer incriminando Michel Temer (PMDB). A denúncia detonará mais um abalo político. Deve-se considerar, também, a alta probabilidade do surgimento de “fatos novos”, com aparecimento de novas delações e vazamentos seletivos.

Ante a iminência do novo estouro, a tropa de choque governista, comandada pelos insuspeitos Romero Jucá, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, já arregaça as mangas para barrar a denúncia de Janot, no Congresso. A estratégia é unificar os ‘políticos’ contra a ofensiva jurídico-policial da Lava jato.

Por sua vez, os tucanos, principais sócios do PMDB no governo, vivem uma grave crise que divide o partido ao meio. De um lado, a cúpula (Aécio, Serra, FHC, Alckmin, Aloysio Nunes) quer seguir na sustentação de Temer; de outro, parte significativa dos deputados tucanos, especialmente os mais jovens, receosos dos efeitos negativos da aliança nas próximas eleições, defendem o desembarque imediato do governo.

Em meio ao quadro político-institucional em rápida deterioração, Michel Temer tem na agenda de contrarreformas seu principal trunfo. Não se sabe até quando, mas o peemedebista ainda mantém uma significativa base parlamentar. O andamento da Reforma da Previdência foi paralisado na Câmara, mas a Reforma Trabalhista, ainda que de modo mais lento, está avançando no Senado. Até aqui, parte do grande empresariado, perante a falta de uma alternativa segura, segue amparando o governo em razão da política econômica.

A rigor, a classe dominante está dividida sobre o que fazer com Temer. Com o aprofundamento do lodaçal político, mais setores passaram a defender o fim do governo e a adoção de eleições indiretas, com a manutenção da equipe econômica de Henrique Meirelles. As posições editoriais das organizações Globo e da Folha de S. Paulo, que advogam pela saída de Temer, expressam esse movimento crescente de ruptura com o governo no interior da burguesia.

O grau de imprevisibilidade político-social é enorme, e decorre do quadro de turbulência e choques agudos, os quais produzem um quadro de relativo descontrole, por parte da classe dominante, das coordenadas principais do processo.

Neste contexto particular, abriu-se uma janela de oportunidade que deve ser aproveitada. O desafio decisivo, do ponto de vista da esquerda, segue sendo colocar a classe trabalhadora no centro da conjuntura, de modo a deslocar as frações burguesas dominantes em confronto e, assim, abrir caminho para um projeto de transformação política e social anticapitalista.

Nesse sentido, impõe-se como a ação e método prioritários a construção pela base da greve geral marcada para o dia 30 de junho. É preciso alcançar uma contundente paralisação geral e grandes protestos de rua para sacudir o país.

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