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13 de junho de 2017

PT E O FUTURO DA ESQUERDA

O 6º congresso do PT aconteceu nos dias 1, 2 e 3 de junho, em Brasília. Foi o primeiro congresso do Partido dos Trabalhadores depois da derrota do golpe parlamentar que afastou Dilma Roussef (PT) da Presidência da República, após a derrota na campanha eleitoral de 2016 e dos escândalos de corrupção que decapitaram a maior parte dos quadros históricos do PT.

Não foram poucos os rumores sobre uma eventual ruptura do partido. As principais expectativas nos debates e resoluções foram o balanço das administrações Lula e Dilma, a política do PT para a conjuntura atual de crise e a possibilidade de derrubada do governo Temer.

O impeachment de Dilma Roussef e a derrota eleitoral nas eleições municipais de 2016 abriram forte tensão interna no PT. A pressão da possibilidade de perda dos aparatos parlamentares, a diminuição do número de filiados e de diretórios municipais e a desmoralização causada pelo golpe abriram possibilidades de deserções internas. O início do congresso do partido, foi marcado por essa tensão.

O 6º Congresso do PT aumentou a dependência do futuro do PT do destino político de sua principal liderança, Lula. A unidade interna expressa no congresso está alicerçada na sua figura, nos balanços dos governos do PT, que são defendidos por todas as correntes. Sobre uma aparência de força está ai a grande fraqueza do congresso. O PT está refém, mais do que nunca, de Lula. O grande problema é que a hipótese mais provável é que Lula seja condenado por Mouro entre os meses de junho e julho.

A sentença de condenação do TRF da quarta região, em segunda instância, segue sendo a hipótese mais provável. Isso impediria a candidatura de Lula. Além disso, o Lula de 2018 não será o mesmo de 2002. Embora tenha recuperado índices de popularidade, é também o candidato com maior rejeição em todos os cenários políticos.

O Partido dos Trabalhadores de hoje é diferente daquele que surgiu do processo objetivo de greves e lutas da classe trabalhadora, no final dos anos 70 e anos 80. Um partido que defendia a independência da classe trabalhadora frente à burguesia com programa e estratégia bem concebidos e que apaixonava milhões. Isso dava a sustentação política e ideológica ao partido. Hoje, o que sustenta o PT é a figura de Lula.

É certo que Lula mantem um prestígio superior inclusive ao mantido pelo PT. No entanto, é algo diferente do que a esperança de mudança que embalava a figura de Lula e do PT nos 80 e 90. Não existe matrimônio indissolúvel da classe trabalhadora com suas lideranças. A aposta do Lulismo é pelas evidências e decisões do 6º congresso reeditar os governos de colaboração de classes.

Não assistimos a qualquer fala dura sobre qualquer resolução que proíba coligações com os partidos burgueses, como o PSDB, PP e PMDB. Não houve uma visão crítica sequer do passado. A história é contada pelos dirigentes do PT como se estivéssemos nas eleições de 2014 e nada tivesse acontecido.

Por hora, a figura de Lula mantém a unidade do partido dos trabalhadores. Essa é a grande fragilidade do PT. Como já afirmamos, o mais provável é que Lula não possa ser candidato em 2018. E sem esse projeto é uma incógnita o futuro do PT. É certo que Lula mantem um prestígio superior inclusive ao mantido pelo PT. No entanto, é algo diferente do que a esperança de mudança que embalava a figura de Lula e do PT nos 80 e 90. Não existe matrimônio indissolúvel da classe trabalhadora com suas lideranças.

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