Em depoimento à Justiça Federal na tarde desta quarta-feira (3), o delator Fernando Horneaux de Moura, apontado como lobista ligado ao ex-ministro José Dirceu, citou o suposto envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB) na divisão de propinas em contratos com Furnas Centrais Elétricas.
O político já havia sido citado pelo doleiro Alberto Youssef, também delator da Lava Jato , mas suas afirmações foram consideradas “vagas” pelo Ministério Público Federal.
Conforme relato do lobista, no final de 2002, depois da primeira eleição do ex-presidente Lula, houve uma reunião para definição de nomes para ocupar diretorias da Petrobras. No encontro, Moura teria pedido a José Dirceu, que depois ocuparia a Casa Civil, a manutenção de Dimas Toledo na diretoria de Furnas. A princípio, segundo Moura, Dirceu teria relutado, já que o diretor era mantido no cargo por indicação de Aécio Neves, adversário político de Lula.
Porém, depois de um mês, conforme contou o delator ao juiz Sergio Moro, Dirceu informou a Moura que Toledo seria o “único cargo que o Aécio pediu para o [ex-presidente] Lula”. “Então, você vai conversar com o Dimas e dizer que a gente vai apoiar a indicação dele”, teria pedido o ministro ao lobista.
“Eu fui conversar com o Dimas e, na oportunidade, ele me colocou que, da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobras, em Furnas era igual. Ele falou: ‘Vocês não precisam nem aparecer aqui. Vai ficar 1/3 nacional, 1/3 São Paulo e 1/3 Aécio’”, completou Moura no depoimento. Segundo o lobista, “nacional” referia-se à diretoria nacional do PT e “São Paulo” à executiva estadual do partido. Um terço seria a divisão dos 3% desviados de cada contrato.
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