Amigo de Michel Temer há 30 anos, o consultor político Gaudêncio Torquato diz acreditar que o presidente consegue sobreviver à iminente votação na Câmara que pode levar ao seu afastamento, mas tem dúvidas se ele resistirá a novas denúncias.
"O grande teste será enfrentado por ocasião da votação da denúncia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e no plenário. O governo tende a passar pelo primeiro teste, seja porque ele substituiu alguns dos deputados na comissão, seja porque ainda tem alguma força", afirmou Torquato à BBC Brasil.
"A minha dúvida, e o meu receio, é que nas próximas (denúncias) talvez os deputados já achem mais difícil não aprovar." Como a abertura de uma ação penal teria como consequência o afastamento de Temer, é preciso que a Câmara autorize a investigação antes de o assunto ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal. Caso ambos autorizem o processo, o peemedebista se tornaria réu e ficaria afastado por até 180 dias para o julgamento.
A expectativa é que Janot apresente mais duas denúncias contra Temer - por obstrução de Justiça e organização criminosa - antes do fim de seu mandato na Procuradoria, em setembro. Para Torquato, essas eventuais novas ações seriam mais difíceis para o presidente, já que no recesso os deputados voltam a entrar em contato com suas bases, que devem pressionar pela queda de Temer.
Se a votação da primeira denúncia não for feita antes do recesso, que começa na terça, há o risco de Temer cair até mesmo neste primeiro momento, avalia o consultor político. "Eles voltarão depois de ter tido esse contato, e como o presidente é impopular junto à base, vai haver uma pressão muito forte para que haja alguma mudança."
Torquato, que havia dito que operações da Polícia Federal não iriam derrubar o governo se a economia estivesse bem, diz que reconsiderou sua opinião. "Ficou mais grave para o governo, mesmo com a economia melhorando."
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