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3 de março de 2017

DESCUIDO DA SOCIEDADE COM O IDOSO É MOTIVO DE PREOCUPAÇÃO ENTRE ESPECIALISTAS

Nunca o globo esteve tão senil quanto agora. São 841 milhões de pessoas com mais de 60 anos, alterando radicalmente o desenho da pirâmide etária se antes um funil invertido, agora base e topo têm largura semelhante. Em 2020, haverá mais idosos que crianças de até 5 anos, nas projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS), que calcula em 2 bilhões o número de anciãos em três décadas, ou 20% dos habitantes do planeta. Enquanto, daqui a 30 anos, a população com mais de 60 vai quadruplicar em relação a 1950, na faixa dos octogenários, o salto será 26 vezes maior.

Por trás dessas estatísticas superlativas, estão mulheres e homens que demandam uma atenção nem sempre dispensada, em um mundo aficionado pela juventude. Se a saúde do corpo muitas vezes é negligenciada, o descuido da sociedade com a mente do idoso é motivo de preocupação entre especialistas. Médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e outros profissionais que lidam com a terceira idade veem, no dia a dia, mazelas invisíveis a olhos que pouco se voltam à velhice.

Diferentemente do que muitos podem pensar, porém, depressão, dependência química e suicídio não só são problemas comuns nas faixas etárias avançadas, como estão crescendo assustadoramente. Discussões e políticas voltadas à saúde mental do idoso não acompanham essa velocidade. “É um homicídio gradativo desse ser social”, define a psicóloga Denise Machado Duran Gutierrez, professora da Universidade Federal do Amazonas e autora de diversos artigos científicos sobre suicídio entre idosos. Para a especialista, a visão equivocada de que é “normal” os mais velhos se isolarem, perderem funções e espaço, é uma violência contra a qual pouco se faz. “Há aquela coisa de que o idoso é tristinho mesmo, fica ali no cantinho mesmo. A própria sociedade e a família nutrem isso. Retiram do velho suas forças sociais.”

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é um dos instrumentos que ajudam as equipes de atenção básica a fazer a avaliação clínica, psicossocial e funcional do paciente. “A partir desta avaliação é possível rastrear/identificar os idosos mais vulneráveis e definir o plano de cuidados mais apropriado”, diz o órgão.

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