Para a política brasileira, agosto é considerado um mês sombrio. A superstição confirma-se, com a prisão no primeiro dia útil de agosto, do ministro José Dirceu, na operação Lava Jato.
No ano passado, exatamente em 13 de agosto, faleceu em trágico acidente aéreo, o candidato a Presidente da República, Eduardo Campos, neto do líder Miguel Arraes, também morto em 13 agosto de 2005.
Eduardo Campos era candidato à presidência. Com ele morreram seis assessores, dentre eles, o ex-colega na Câmara Federal do autor deste artigo, Pedrinho Valadares, sobrinho do senador sergipano Antônio Carlos Valadares.
Após recesso de 14 dias, deputados e senadores retornam esta semana ao Congresso Nacional, diante desse clima de insegurança política.
A previsão no primeiro dia útil de agosto de 2015 (segunda feira) é que muitas surpresas ocorrerão, em decorrência da “tropa de choque” da Procuradoria Geral da República poder encaminhar ao STF, a qualquer momento, dezenas de pedidos de investigação, contra políticos com mandato, suspeitos de práticas ilícitas.
Sabe-se que há cerca de 50 parlamentares, ex-governadores e ex-ministros, alvos da primeira etapa da operação Lava Jato e de outras denuncias. No PT, o clima é de grande inquietação.
Além da segunda prisão de José Dirceu, o ex-tesoureiro, João Vaccari Neto, sente-se abandonado e dá sinais de aceitar a “delação premiada” para fugir ao destino de Marcos Valério, condenado a quase 40 anos de prisão, por não colaborar com a justiça.
Na classe política, quem seja supersticioso ou não teme a fatalidade do “azarento” mês de agosto. Aliás, o passado justifica esse temor. Em consequência de crises políticas, suicidou-se no dia 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, o então presidente da República Getúlio Vargas, renunciando, assim, não somente à presidência da República, como também à vida.
Foi no dia 25 de agosto de 1961, que forças estranhas fizeram com que o presidente Jânio Quadros renunciasse à presidência da República. Vítima de um desastre automobilístico, Juscelino Kubitscheck faleceu no dia 22 de agosto de 1976.Atravessar o mês de agosto exige paciência e crença de que o melhor irá acontecer.
Mergulhado na profunda crise política e econômica atual, os brasileiros têm razões para temer o mês que começa. Sobretudo os políticos, que historicamente foram às vítimas preferidas desse mês de energias negativas e mau agouro. Nesse oceano de incertezas, só resta na verdade a expressão “salve-se quem puder!”.
Por Ney Lopes- ex-deputado
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