A articulação política do governo Dilma Rousseff sofreu mais uma dura derrota após a passagem de dois dias de Luiz Inácio Lula da Silva pela capital federal para trabalhar em favor da presidente da República, que se encontrava nos EUA em visita oficial. Por unanimidade, o Senado aprovou nesta terça (30) projeto que aumenta os salários dos servidores do judiciário em até 78%.
Além de mostrar total desarticulação do governo com dois presidentes de poderes Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, e Renan Calheiros, do Senado, revelou uma desatenção da articulação política. Michel Temer, atual responsável pelas negociações com o Congresso Nacional, estava no exercício interino da presidência da República. O projeto será vetado por Dilma.
Há um consenso em Brasília de que este aumento, se concretizado, será estendido para outras categorias federais e estaduais, num efeito cascata. Contra o texto, a área econômica do governo indica, através de simulação, que o aumento custará R$ 26 bilhões em quatro anos.
É um torpedo de alta potência contra o ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Afetará para pior as expectativas já ruins sobre a economia brasileira e será olhado com atenção pelas agências internacionais de avaliação de risco.
O PT liberou o voto de sua bancada e a articulação política do governo conseguiu apenas a apresentação de um requerimento para adiar a votação. Derrotado o requerimento, nada mais foi feito no sentido de barrar o aumento. Ruim para Temer, a derrota é também mais uma retaliação da base aliada contra a demora nas nomeações políticas acertadas e que estão a cargo do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
O veto de Dilma abrirá mais uma frente de atrito da presidente com importante parcela do funcionalismo público federal, além de novo desgaste com os presidentes do Congresso e do STF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário