A candidata Marina Silva, do PSB, deflagrou um plano para enganar os eleitores. A ideia consiste em vender um discurso fácil, que já vinha sendo ensaiado por Eduardo Campos: o de que as velhas raposas da política, como os senadores José Sarney (PMDB-AP), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL), serão empurradas para a oposição.
Esse discurso foi vocalizado em duas entrevistas publicadas nesta segunda, que repetem a mesma tese. Na Folha, quem falou foi Eduardo Giannetti da Fonseca, guru econômico de Marina.
No Valor, Roberto Amaral, presidente do PSB. Ambos, num tom ensaiado, disseram que, na ausência de Sarney, Collor e Renan, será preciso dialogar com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, para que tanto PSDB como PT deem governabilidade ao governo Marina e forneçam também quadros para a gestão da máquina pública.
A proposta bate num alvo fácil, o PMDB, mas é ilusória do início ao fim. A começar pelo fato de que Sarney não irá para a oposição. Irá vestir o pijama, uma vez que não é candidato a absolutamente nada nestas eleições. Renan, por sua vez, não representa apenas o PMDB, mas o Congresso como um todo, uma vez que foi eleito pela maioria esmagadora de seus pares, contando com votos de todos os partidos, para presidir o Poder Legislativo numa democracia representativa que Marina Silva e seus aliados parecem desprezar.
Outro ponto é a inconsistência do discurso do próprio PSB, que acolheu diversas "velhas raposas" da política, quando Eduardo costurava suas alianças para tentar chegar à presidência da República. Em Santa Catarina, o partido se aliou à família de Jorge Bornhausen, que falava em "acabar com essa raça", referindo-se ao PT. No Piauí, o neosocialista é Heráclito Fortes, que construiu sua carreira política no DEM. Há, de fato, alguma pureza ou alguma lógica em empurrar Sarney e Renan para a oposição, acolhendo Bornhausen e Heráclito.? Não há, mas a candidata Marina Silva acredita que poderá levar adiante seu discurso "engana-eleitor".
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