O Brasil tinha em 2016 cerca de 13,4 milhões de pessoas vivendo em condição de pobreza extrema, divulgou o IBGE nesta sexta-feira (15).
De acordo com a pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais, com dados do ano passado, 6,5% da população vivia com até US$ 1,90 por dia no país.
A nota de corte considera a classificação de pobreza extrema definida pelo Banco Mundial. Quando convertido para o câmbio da época, o rendimento dessas pessoas fica em R$ 133,70 por mês. O dado não possui base de comparação com outros anos.
A pesquisa mostrou ainda que um quarto da população brasileira (25,4%) vive no nível menos agudo de pobreza do Banco Mundial, de pessoas que têm renda de até US$ 5,50 por dia, ou R$ 387 mensais.
O instituto divulgou nesta sexta diversos dados sobre mobilidade social e educacional, nível de renda e trabalho, e também detalhes sobre jovens que nem estudam e nem trabalham no país. Não existe uma classificação oficial no Brasil do que se considera pobreza extrema. O IBGE mensurou o percentual da população nessas condições conforme diversas definições, além da do Banco Mundial.
Um dos conceitos analisados foi o das pessoas aptas a serem beneficiárias do programa Bolsa Família. Segundo o IBGE, 17,5 milhões de pessoas são elegíveis para o programa federal de transferência de renda.
Do total da população brasileira, 4,2% (ou 8,6 milhões) vivem com renda de até R$ 85 por mês a primeira faixa elegível para obter benefícios do programa. Na segunda faixa, de R$ 85 a R$ 170, o contingente chega a 4,3% da população (8,9 milhões).
Um terceiro conceito analisado foi o de pessoas que recebem até um quarto do salário mínimo por mês (R$ 220), que representam 12,15% da população, ou 25 milhões de pessoas. O contingente avança para 36 milhões (ou 17,8% da população) quando avaliada a faixa que recebe de um quarto do salário até meio salário mínimo. O salário mínimo em 2016 esteve em R$ 880 por mês. Já em 2017, o valor foi para R$ 937. Há discussões no governo para que esse valor seja reduzido no ano que vem.
Os dados por Estados reforçam a desigualdade entre as regiões mais pobres e as mais ricas do país. Enquanto a média nacional para o conceito é de 25,4% da população, em 15 dos 27 Estados o indicador supera a média. Todos estão nas regiões Norte e Nordeste.
Maranhão (52,4%), Amazonas (49,2%), Acre (46,6%), Pará (45,6%) e Ceará (44,5%) formam o ranking dos locais com o maior percentual de pessoas que vivem na pobreza.O percentual em São Paulo chega a 12,2% e no Rio, 18,3%. Santa Catarina é o Estado com o menor percentual do país, de 9,4%.
Crianças de até 14 anos compõe a maior parcela da população que vive na pobreza: 42,2% ou 42 milhões de pessoas nessa situação.Pessoas de 30 a 59 anos, contudo, formam o maior contingente em números absolutos nessa faixa de renda: 85,2 milhões no país, de uma população total em 2016 de 207 milhões de pessoas. A faixa responde por 21,3% dos adultos pobres nessa faixa etária.
Por tipo de arranjo familiar, lares ocupados por mulheres negras sem cônjuges e com filhos são maioria entre os domicílios com pessoas vivendo em situação de pobreza. O percentual pessoas pobres em lares com essa configuração é o mais alto: 64%.
Enquanto 84,9% da população tem acesso a abastecimento de água por rede geral de distribuição, apenas 73,3% das pessoas na faixa da pobreza dispõe do serviço. O esgotamento sanitário por rede coletora está em 63,5% da população em geral do país, mas nas casas dos que estão na pobreza, o percentual atinge 42,2%.
Segundo o IBGE, 4,5% da população no Brasil tem aluguel que supera 30% da sua renda mensal. O entendimento mundial é que a pessoa vive em risco quando quase um terço de sua renda é destinada a moradia.
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