O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deu sua primeira entrevista desde que foi preso há quase um ano. À revista Época, afirmou que existe uma perseguição judicial contra ele, acusou a existência de um “mercado” de delações premiadas e criticou a postura do juiz Sérgio Moro, que o condenou a 15 anos de prisão.
“Nós temos um juiz que se acha salvador da pátria. Ele quis montar uma operação Mãos Limpas no Brasil, uma operação com objetivo político. Queria destruir o establishment, a elite política. E conseguiu”.
O ex-deputado também se colocou à disposição da procuradora-geral da República Raquel Dodge, sucessora de Rodrigo Janot, para voltar a negociar sua delação premiada. Cunha fez críticas ao ex-procurador, dizendo que ele queria usá-lo para derrubar o presidente Michel Temer.
“Estou pronto para revelar tudo o que sei, com provas, datas, fatos, testemunhas, indicações de meios para corroborar o que posso dizer. Assinei um acordo de confidencialidade com a Procuradoria-Geral da República, de negociação de colaboração, que ainda está válido. Estou disposto a conversar com a nova procuradora-geral. Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação […] Nunca acreditei que minha delação daria certo com o Janot. Tanto que não deu”.
Cunha negou ter recebido qualquer pagamento de Joesley Batista para ficar em silêncio e acusou o dono da JBS de ter feito uma delação seletiva, “poupando muito o PT.” O ex-deputado afirmou ainda que sua prisão foi absurda e só aconteceu para “ter um trofeu político”, mas acredita que o Supremo Tribunal Federal irá lhe conceder um habeas corpus.
"O outro troféu é o Lula. Um troféu para cada lado. O MP e o Moro queriam ter um troféu político dos dois lados. Como Janot já era meu inimigo, todos da Lava Jato estavam atrás de mim. Mas acredito que o Supremo vá julgar meu habeas corpus, parado desde junho, e, ao seguir o entendimento já firmado na Corte, concedê-lo”, declarou.
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