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2 de agosto de 2017

ANDRÉ RHOUGLAS, 56, O ÚNICO MANISFESTANTE NA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS, EM BRASÍLIA


André Rhouglas um mineiro de 56 anos deixou a casa e os filhos e se enfiou num ônibus na rodoviária de Ponte Nova (MG), a 190 quilômetros de Belo Horizonte. Foram 15 horas de viagem e 910 quilômetros, até chegar ao Planalto Central. Trouxe uma mochila com roupas, água, algum dinheiro e uma faixa de protesto contra o Congresso e o governo de Michel Temer.

Nesta quarta-feira, 2, dia em que o parlamento vota a denúncia contra Temer, Rhouglas esperava uma multidão no gramado do Congresso Nacional. Encontrou a grama seca e um vazio absoluto da Esplanada. Nenhum outro manifestante sequer. "É uma frustração muito grande", diz ele. "Brigamos tanto em 2013 por causa de 20 centavos. Hoje não mexemos nem um dedo por centenas de bilhões que são roubados todos os dias. Ficamos parados no sofá, olhando tudo e reclamando, sem fazer nada".

Pedreiro, garçom, pintor e desenhista de faixas, Rhouglas trouxe consigo uma cruz de madeira, para simbolizar "o sacrifício do povo brasileiro". As incursões a Brasília tiveram início em 2002, quando o mineiro de Ponte Nova decidiu vir à capital sozinho para protestar contra a violência. Depois disso, as viagens e manifestações passaram a fazer parte de sua rotina. Voltou à capital federal para gritar contra o mensalão, para pedir a aprovação da Lei da Ficha Limpa e se juntar aos que defenderam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Nesta quarta-feira, quando o sol volta com força à Esplanada, Rhouglas ergue a voz para pedir a saída de Temer da Presidência. "Sou só eu, não ando com movimentos e organizações. Mas achei que iria encontrar pessoas aqui hoje. Me enganei." 

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