Há exatos dois meses, veio à tona a notícia de que o empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, tinha gravações de conversas com o presidente Michel Temer (PMDB). O teor da delação dos executivos do grupo que fez o governo mergulhar em sua pior crise política.
Com base em uma investigação da Polícia Federal (PF) a partir das acusações feitas pelos executivos do grupo J&F, que controla a JBS, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, denunciou criminalmente o peemedebista por corrupção passiva. Essa foi a primeira vez na história do país que um presidente foi denunciado no exercício do cargo.
Para aceitar a denúncia, o STF precisa do aval da Câmara dos Deputados. Na última quinta-feira (13) veio a primeira vitória de Temer no processo: por 40 votos a 25, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara derrubou o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que sugeria a continuidade da denúncia contra o peemedebista.
Apesar das recentes vitórias do peemedebista, como a aprovação da reforma trabalhista e a rejeição do parecer que recomendava continuidade da denúncia, o governo ainda caminha na corda bamba. Afinal, a votação da denúncia no plenário da Câmara ainda é incerta, o PSDB permanece em dúvida sobre o desembarque da base aliada, e espera-se que a PGR apresente uma nova ação contra o presidente, desta vez por obstrução de Justiça.
Michel Temer dava sinais de que sobreviveria à Lava Jato, às crises ministeriais e à baixa popularidade. Com dificuldades, seguia adiante sustentado pela mais ampla base de apoio parlamentar de qualquer governo nas últimas décadas. Mas a delação da JBS mudou o destino do governo.
Superada a tentativa de cassação pelo TSE, em junho, restam ainda ao presidente três grandes ameaças: acusação de crime comum, pedidos de impeachment e as imprevisíveis novidades originadas na Lava Jato.
O principal elemento de risco é a denúncia do Ministério Público contra Michel Temer, centralmente focada na delação de Joesley Batista. Essa etapa é dividida em dois momentos, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, em seguida, o Plenário da Câmara dos Deputados.
A despeito da saída de Renan Calheiros da liderança do PMDB no Senado e da escolha de Raquel Dodge para substituir Rodrigo Janot na Procuradoria Geral da República, a situação é periclitante. O Ministério Público Federal representou contra o presidente, o STF enviou a peça para a Câmara dos Deputados e as confortáveis maiorias de outrora podem se esvair a ponto de Temer ser afastado por até 180 dias para se defender no Supremo.
Assim, Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumiria interinamente o poder, e em caso de cassação de Temer a chance de o parlamentar ser mantido no poder em eleições indiretas é concreta. Parcelas de partidos da base estariam trabalhando para isso, mas não será estranho se o presidente, que habilmente já presidiu a Câmara por três vezes e o PMDB por mais de dez anos se salvar”.
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