A denúncia da operação Dama de Espada aceita pela justiça traz detalhes de como funcionava o esquema de desvios de recursos na Assembleia Legislativa do Estado. A denúncia contém delações premiadas que revelam nepotismo cruzado entre os poderes e como laranjas eram usados para desviar dinheiro.
Vinte e quatro pessoas já respondem na justiça. O governador do estado, na época presidente da assembleia, foi citado no depoimento do principal delator e também será investigado.
Um trecho da delação premiada de Gutson Jhonson Bezerra, ex-diretor do Idema e filho da ex-procuradora da assembleia Rita das Mercês relata o nepotismo cruzado entre poderes. Ele diz que usou a própria filha para participar da troca de cargos. Ela teria recebido salário simultaneamente do Tribunal de Justiça e da Assembleia Legislativa. Ela ficaria com o valor da Assembleia, e um desembargador ficava com outra parte do valor.
O ex diretor do Idema também revelou que o esquema beneficiava deputados, entre eles o então presidente da Assembleia e atual governador do estado, Robinson Faria. Gutson conta que tinha total controle da conta de um funcionário fantasma, inclusive cartão e senha. Ele disse ainda que ficava com R$ 1 mil e os outros R$ 10 mil entregava na mão da mãe, Rita das Mercês, e que, segunda ela, o dinheiro era para o presidente Robinson.
Essa denúncia revela ainda que a ex-procuradora da Assembleia, Rita das Mercês, teria recebido R$ 1,7 milhão em dinheiro desviado e Gutson Bezerra teria ficado com R$ 8oo mil.
A operação Dama de Espadas foi deflagrada em agosto de 2015. De acordo com o Ministério Público, os desvios dos cofres da AL podem passar de R$ 5,5 milhões. Ainda segundo informações do Ministério Público, a associação criminosa era composta por servidores públicos do órgão com o auxílio de um gerente do banco Santander.
Por meio de nota, o governador Robinson Faria disse que não tem qualquer envolvimento com as supostas irregularidades citadas, “o que será comprovado com o andamento das investigações e da análise da justiça”.
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