O ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou que o Brasil precisa encerrar o ciclo atual de "vale tudo" na política, defendendo mais uma vez a necessidade de uma reforma no sistema.
O ministro se encontrou nesta manhã (3) com deputados da comissão da Câmara que discute o assunto.
Ele disse que, se não houver mudanças, o processo eleitoral de 2018 vai continuar com a existência de caixa dois -dinheiro de campanha usado sem conhecimento da Justiça- para financiamento de campanhas e que a corrupção abre espaço para "devaneios e aventuras", citando a Venezuela.
"Vai ser certamente uma eleição judicializada e também policiada. Se não houver mudança no sistema, por conta da inexistência de recursos públicos e privados, certamente nós vamos ter caixa dois, vamos ter dinheiro do crime, toda essa instabilidade. Vai ser uma eleição policiada e policialesca", afirmou o ministro.
"Talvez a democracia mais sólida que tinha na América Latina era a da Venezuela. Eu não preciso contar o que aconteceu lá. A corrupção levou a situação que tem hoje". Mendes disse que "espera que não", perguntado se o Brasil caminha para entrar em situação semelhante ao país vizinho.
STF proibiu o financiamento empresarial das campanhas em 2015. Na ocasião, Gilmar Mendes foi voto vencido. E desde então critica a decisão da corte. Ele afirmou, porém, que não há como voltar atrás sobre esse tema. "Não há possibilidade de regresso à doação corporativa. O Supremo diz que isso é inconstitucional. Não há como voltar".
Mendes disse também que acredita que o Supremo deverá barrar em breve a existência das coligações de partidos caso não haja reforma no sistema. Na delação da Odebrecht, os ex-executivos revelaram que houve compra de apoio de legendas para aumento de tempo de propaganda gratuita na TV, o que está sendo investigado.
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