Os grupos políticos e empresariais que derrubaram Dilma dizem que a baixíssima popularidade do presidente não os preocupa e não é um problema. Mas é.
Oito meses depois de assumir o governo, Temer é o presidente mais impopular de nossa história, em período comparável. Em setembro de 1990, 34% das pessoas consideravam que Fernando Collor fazia um governo “ótimo” ou “bom”, enquanto apenas 20% achavam que era “ruim” ou “péssimo”.
A performance de Itamar Franco, seu sucessor imediato, era parecida no início de março de 1993: 24% da população avaliava seu governo positivamente e 18% de maneira negativa, sempre de acordo com pesquisas do Datafolha.
Vale sublinhar: mesmo tendo iniciado o mandato confiscando a poupança e armando uma enorme confusão no País, Collor, aos oito meses de governo, era reprovado somente por uma em cada cinco pessoas, o mesmo que Itamar, vice que assumiu com elevado nível de desconhecimento e sem a legitimidade do voto popular.
A desaprovação de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, em setembro do primeiro ano de seus governos, era de 15%, 11% e 11%, respectivamente. Sabemos que o tucano despencou em momento semelhante do segundo mandato, o inverso do que ocorreu com Lula, que chegou a setembro de 2007 em condições iguais às de quatro anos antes. São, no entanto, situações incomparáveis à de Temer.
Esse só é menos mal avaliado que Dilma no oitavo mês do segundo mandato, o que seria surpresa apenas para quem não presenciou o massacre a que ela foi submetida.
Em agosto de 2015, a proporção dos que achavam que ela fazia um mau governo chegou a 71%, taxa que o atual ocupante do Planalto, por enquanto, não atingiu: em dezembro passado, na mais recente pesquisa CUT/Vox Populi, a soma dos que avaliavam negativamente o governo estava em 55%, tendo subido de 34% em outubro. No fim de 2016, apenas 8% dos entrevistados manifestavam opinião positiva a respeito do trabalho que fazem Temer e sua turma.
Em um cenário de impopularidade persistente e à medida que nos aproximarmos da eleição presidencial, Temer será um fardo cada vez mais pesado. O agrupamento de interesses que o colocou no governo é instável, não tem bons candidatos e nenhum vai querer arcar com o ônus adicional de carregá-lo. Enquanto isso, na oposição, Lula se fortalece a cada dia.
Tudo isso, é claro, se Temer permanecer no cargo, algo que já foi menos provável, mas que continua longe de ser uma certeza. Sua saúde política é tão frágil que até um resfriado pode matá-lo. A “saída Temer”, que as elites inventaram achando-se muito hábeis, está se mostrando uma ideia ruim. Até o fim deste ano será consenso que foi péssima.
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