Milhões de brasileiros poderão ficar sem aposentadoria em breve, mesmo tendo contribuído ao longo da vida inteira, na esperança de uma velhice com dignidade e segurança financeira. Esse quadro assustador, segundo o governo, se tornará realidade caso o sistema previdenciário continue nos moldes atuais.
Por isso, a proposta do Executivo é mudar as regras. A medida, que veio personificada na proposta de reforma da Previdência, agradou ao mercado financeiro, mas provocou a ira de vários segmentos da sociedade. É natural que haja opiniões contrárias e favoráveis diante de um tema tão abrangente, mas, sobre o aspecto demográfico, não existem divergências: é fato inconteste que a população brasileira está envelhecendo.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constata que o número de idosos tem aumentado a cada ano, ao contrário do de adultos em idade ativa. Isso significa mais gastos previdenciários com benefícios e aposentadorias e, em contrapartida, menos arrecadação. Em outras palavras, a conta não fecha.
O presidente do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo, observa que, em 1940, a expectativa de vida do brasileiro era de 45 anos, muito influenciada pela alta mortalidade infantil. Em 2016, saltou para 75,5 anos e deve chegar a 81,2 em 2060. Enquanto isso, a taxa de fecundidade tem caído de seis filhos por mulher, em 1940, para 1,5 no ano passado. Em 2015, o IBGE contou 16,1 milhões de idosos com 65 anos ou mais no Brasil. O número, de acordo com projeção do instituto, deve mais que triplicar e chegar a 58,4 milhões em 2060.
Diante de um cenário de mudanças no perfil demográfico e socioeconômico, o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Edson Franco, acredita que o atual modelo de Previdência Social é insustentável e exige correções de curto e de médio prazos. “A reforma da Previdência representa um pilar fundamental para o desenvolvimento de todos os setores da economia. O país não terá um regime fiscal responsável sem resolver essa questão. E, sem um regime fiscal responsável, o país não alcançará a esperada retomada do crescimento econômico”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário