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17 de fevereiro de 2017

CASOS DE SUICÍDIO ENTRE IDOSOS NO BRASIL TEVE CRESCIMENTO DE 215,7%

O suicídio entre idosos é como aquele segredo de família que todos sabem existir, mas sobre o qual ninguém ousa falar. Tema tabu em qualquer faixa etária, a morte autoafligida soa paradoxal na terceira idade, quando tantas agruras da vida já foram superadas. As estatísticas, porém, alertam que esse silêncio precisa ser quebrado. Em todo o mundo, as maiores taxas de tentativas e atos consumados estão nas faixas etárias avançadas. No Brasil, não é diferente.

Os dados nacionais ainda são escassos, mas evidenciam que o país acompanha a tendência global. O Mapa da Violência 2014, organizado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, aponta que, acima dos 60 anos, há oito suicídios por 100 mil habitantes, taxa maior que a registrada entre outros grupos etários.

Entre 1980 e 2012 período avaliado no estudo, houve crescimento de 215,7% no número de casos entre os idosos. Da mesma forma que ocorre com os mais jovens, os homens são as principais vítimas. Aos 75 anos, de acordo com o Ministério da Saúde, a razão é de oito a 12 suicídios masculinos por um feminino.

Outro retrato do tema foi traçado por pesquisadores de sete instituições acadêmicas que, em 2012, publicaram uma edição especial da revista Ciência & Saúde Coletiva com dados quantitativos e qualitativos, coordenados pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Enasp/Fiocruz). Um dos trabalhos utilizou o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, para calcular os registros de suicídio de pessoas com mais de 60 anos entre 1996 e 2007. Nesse período, os pesquisadores identificaram 91.009 mortes autoprovocadas, sendo que 14,2% ocorreram entre idosos.

Segundo a psiquiatra Helena Moura, especialista em psicogeriatria pela Universidade de São Paulo (USP), por trás do desejo de antecipar o fim da vida, estão as perdas. Perda de saúde, autonomia, produtividade, papéis sociais. Perda de cônjuges, amigos, cuidadores e de outras pessoas nas quais eles depositam confiança. “A depressão tem um papel muito importante, assim como as questões de aspectos sociais da terceira idade, como a de estar passando por mais perdas, estar passando pela aposentadoria e não se sentir mais útil, de os filhos terem saído de casa, de ele ter mais dificuldade de se encaixar em uma sociedade como a nossa, que não está ainda muito bem preparada para acolher os idosos.

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