Michel Temer está reagindo com a conhecida serenidade, temperada por racional frieza, às pressões para que abandone a coordenação política do Governo: embora ouvindo muito e falando pouco, os mais próximos asseguram que ele não fará, agora, qualquer movimento para levar a crise política à temperatura máxima, aquela que exige soluções radicais.
Temer teve uma boa conversa com Dilma logo que ela voltou dos Estados Unidos. Nela a presidente reiterou que atuará pessoalmente, ao longo de julho, junto aos diferentes ministérios, para que sejam cumpridos todos os acordos firmados pelo vice para garantir as votações do ajuste fiscal. Tais acordos envolvem nomeações e liberações de verbas orçamentárias. O ministro Aloysio Mercadante, além da nota que divulgou ontem, enaltecendo o trabalho de Temer, depois de Cunha ter sugerido que ele deixe a coordenação política, está atuando internamente no governo para remover os entraves ao cumprimento dos acordos feitos com a base parlamentar.
Na avaliação interna do governo, a crise pode ter um momento de distensão em julho, logo que o Congresso e também o Judiciário entrarem em recesso. Isso acontecerá em uma ou duas semanas, logo que o Senado aprove a MP que reduz a desoneração da folha salarial das empresas e o Congresso vote a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, um pressuposto para o início do recesso. Ao longo dele, haveria uma pausa na pancadaria política que Dilma poderia aproveitar para se fortalecer tomando algumas iniciativas ou até fazendo mudanças importantes no Governo para reverter a percepção negativa do momento. Seu protagonismo pode crescer enquanto os outros poderes descansam.
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