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29 de junho de 2014

REVISTA VEJA: DO TERROR ANTI-COPA AO TERRORISMO DA INFLAÇÃO

Você pode ainda não ter se dado conta, mas o Plano Real, que amanhã completa 20 anos, pode ser destruído. Essa é a tese da nova capa de Veja, que substituiu as velas de aniversário por uma bomba-relógio. "O plano que matou a hiperinflação, estabilizou a economia e fez do Brasil um país sério corre o sério risco de explodir", alerta a revista. Antes que você corra para os supermercados e estoque alimentos com medo de uma inflação galopante, calma: é mentira. Aliás, é mais uma mentira de uma publicação que, nos últimos anos, se deixou cegar pela obsessão política que turvou seu jornalismo.

A mais recente notícia sobre inflação, na verdade, vai na direção contrária. O Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que corrige os valores dos aluguéis, registrou deflação de 0,74% em junho, segundo informou a Fundação Getulio Vargas (FGV), na última sexta-feira. Foi a maior queda em 11 anos, o que mostra que a economia brasileira tem outro problema: a perda de dinamismo, que contém a alta de preços. "O índice está devolvendo as fortes altas registradas ao longo do ano passado e início deste ano", disse o economista Salomão Quadros.

Em seu editorial, Veja argumenta que a inflação só não estourou o teto da meta porque os preços estariam sendo contidos artificialmente. E parece defender um ajuste, que teria fortes custos sociais. "Tudo perdido? Não. Mas, se nenhum erro fatal e irreparável foi cometido pelo governo até agora, substituir por medidas corretas todos os remendos vai ter um custo social alto que se manifestará na forma de estagnação econômica duradoura, com queda de investimentos produtivos e aumento do desemprego", diz o texto do editorialista Eurípedes Alcântara.

Curiosamente, na mesma Veja, a última página da revista traz um artigo do fundador da publicação, José Roberto Guzzo, que alerta sobre o risco enfrentado por uma empresa que erra muito. "A Copa de 2014 é uma boa oportunidade para repetir que a imprensa erra, sim - mas erra em público, à luz do sol, e se errar muito acabará morrendo por falta de leitores, ouvintes e telespectadores", diz ele. Será que o alerta será ouvido?

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