Foram mortas pessoas de todas as idades e sexos, acusados de envolvimento com drogas e diversos outros tipos de crimes. Também foram assassinadas pessoas supostamente inocentes e sem qualquer envolvimento com o mundo do crime. Para a promotoria, vidas que se transformaram em estatísticas a partir da falta de investimentos em segurança pública.
“A cidade na verdade não cresceu, inchou e não foram feitos investimentos em segurança pública”, explica o promotor de justiça, Romero Marinho. O Instituto Técnico de Polícia Científica, o ITEP, foi um dos órgãos mais prejudicados pelo descaso. No dia 24 de agosto o adolescente Antonio Magno de Souza Silva, de 19 anos, permaneceu por mais de 4 horas caído no meio de uma rua à espera da equipe pericial. Nesse dia não havia motorista de plantão e os demais funcionários se recusaram a fazer a remoção, pois estavam com diárias e plantões atrasados.
Os problemas atingiram também a Polícia Militar. Com efetivo e viaturas insuficientes para combater os crimes, foi preciso realizar diversas operações especiais ao longo do ano, contando com o apoio de policias de outras unidades. O comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar, Coronel Túlio César destacou a realização de operações como a que antecedeu o Mossoró Cidade Junina e também o BOPE do sertão, que trouxe viaturas e agentes do BOPE Natal para Mossoró.
Mas, isso não foi suficiente. Com os agentes da polícia civil em greve durante 55 dias, as investigações dos crimes foram quase paralisadas. O Delegado de Polícia Civil Edvan Queiroz informou que “apesar de não terem ficado paradas, as investigações correram a passos lentos. Com certeza a greve atrapalhou bastante o trabalho da Polícia Civil”, admite.
Além das mortes que chocaram a população, ocorrências como assaltos, arrombamentos e roubos de veículos, mudaram o comportamento dos moradores. Somente no mês de outubro o Ciosp registrou 1890 ocorrências dessa natureza. Em abril deste ano, um dos meses mais movimentados, foram registrados 282 roubos, quase 50% a mais do que no mesmo período de 2010, quando esse tipo de ocorrência não passou de 200 registros.
O crescimento da violência foi atribuído por muitas pessoas à instalação do Presídio Federal na cidade. Muitos acusados de violência em outros estados da federação foram removidos para o presídio de Mossoró e com isso alterou o perfil da criminalidade na cidade. O principal deles, Fernandinho Beira Mar trazido para a unidade prisional em abril deste ano. A população passou a ter medo de seguir sua rotina normalmente. “A gente não pode mais sentar nas calçadas, não pode andar despreocupado pelas ruas. A gente fica com medo”, revela D. Maria Lúcia, doméstica.
Créditos: Jornalista Amanda Melo
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