Governadora Rosalba Ciarlini
Desconfiado de que o suplente de senador João Faustino (PSDB) estaria traindo a confiança do grupo, o mentor do esquema, George Olímpio optou por pressionar Faustino, tentando fazer com que o tucano utilizasse sua influência junto à administração de Rosalba Ciarlini (DEM) para aceitar a inspeção veicular.
Não tendo logrado êxito, coube a Alcides Fernandes, interlocutor do grupo em São Paulo, contatar, aponta o MP, o apoio do publicitário Ruy Nogueira para produzir notícias na imprensa nacional desfavoráveis ao Governo do Estado do RN.
Em uma ligação interceptada, as intenções do grupo são reveladas quando Alcides comenta com Marcus Procópio, genro de João Faustino, que começaria a agir de um jeito "que não vai ter governo nos próximos oito anos".
Interceptação telefônica datada de 7 de fevereiro deste ano descortina a articulação de um eventual golpe à administração. Entre outros intentos, a pretensão do grupo era utilizar a influência de Alcides junto ao deputado cassado José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para que ambos acabassem com o Governo do RN junto ao Federal.
A chantagem
Uma das estratégias adotadas pelo grupo era garimpar informações sobre influentes políticos e empresários do RN e fazer chantagem com o conteúdo. A intenção era que, caso as figuras não fizessem lobby pelo grupo, o dossiê seria vazado.
São citados nas interceptações o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), o presidente do grupo Riachuelo, Nevaldo Rocha, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e seu marido, o ex-deputado estadual Carlos Augusto.
"...tão achando que podem tudo? Vamos ver se ela aguenta, com um mês de governo ... e uma pressao basica ... vamos ver se ela aguenta ... quer "botar pra f..." vamos "botar para f...". Eles (falando de Rosalba) não vão perder esse contrato, nao. Eles vão perder o governo...", diz George em conversa com Alcides em 8 de fevereiro deste ano. No dia seguinte, a governadora anunciou o cancelamento da inspeção veicular ambiental.
Duas semanas depois o grupo tentou cooptar o vice-governador Robinson Faria para interceder pela validação do contrato do Consórcio Inspar, empresa presidida por George Olímpio e vencedora da licitação apontada como fraudulenta que implantaria a inspeção veicular no Estado.
Dessa vez, o designado foi Gilmar da Montana. Coube a ele não só tentar convencer o vice-governador, mas também conversar com Carlos Augusto Rosado. Para chegar a Robinson, o grupo se utilizou da ligação de Alcides com o prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab.
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