Zé Cláudio e a mulher Maria foram enterrados na quinta
Nos últimos anos, o Brasil se acostumou a enterrar vítimas da violência no campo. Somente no Pará, nas últimas quatro décadas, mais de 800 pessoas perderam a vida em crimes cometidos no ambiente rural, segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra). De todos esses casos, apenas 18 foram a julgamento. Oito pessoas foram condenadas, e somente uma cumpre pena.
São histórias que se repetem. Os que tombam, quase sempre, são pessoas que entram em choque com interesses de latifundiários, fazendeiros e madeireiros ao levar adiante sua luta pelo acesso à terra e pela preservação da natureza.
Foi assim com o seringueiro Chico Mendes, morto a tiros em casa em 1988, no município de Xapuri, no Acre. Foi assim com os 19 sem-terra brutalmente assassinados pela Polícia Militar do Pará em 1996, no mundialmente conhecido massacre de Eldorado dos Carajás. Foi assim com a missionária americana Dorothy Stang, morta a tiros em 2005 na cidade de Anapu, também no Pará.
E foi assim agora, com José, que tinha 54 anos, e Maria, de 53, baleados na manhã de terça em uma estrada na zona rural de Nova Ipixuna. A polícia desconfia que o casal foi vítima de uma tocaia e que o crime foi encomendado. A presidente Dilma Rousseff ordenou à Polícia Federal que investigue o caso.
Ainda no fim de 2010, em uma palestra sobre a Amazônia, José advertiu que corria risco. Duas semanas antes do crime, ele e Maria encaminharam ao Ministério Público uma denúncia de crime ambiental contra três madeireiras.
A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes querem fazer comigo, a mesma coisa que fizeram com irmã Dorothy Stang querem fazer comigo. Posso estar conversando hoje com vocês e daqui um mês vocês podem saber a notícia que eu já faleci, disse Zé Cláudio.
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