Um dia após ter o nome citado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o presidente em exercício, Michel Temer, convocou de última hora uma declaração à imprensa para contestar as informações do delator. Temer chamou a manifestação de Machado de “irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa”. “Não deixarei passar em branco essas acusações levianas”, afirmou.
Alternando a posição de “homem e cidadão” com a de presidente em exercício, Temer afirmou que se dirigia a sua família, a seus amigos e ao povo brasileiro. “Falo com palavras indignadas e ao meu estilo para registrar que essa leviandade não pode prevalecer”, disse. “Quero falar também como presidente em exercício e quero falar com sobriedade”, completou.
Temer foi alertado do prejuízo político que as afirmações de Machado poderiam trazer e deixou clara a sua irritação com as denúncias quando bateu pelo menos três vezes no púlpito que estava à frente, quando lembrava que a fala do ex-presidente da Transpetro era leviana e quando avisou que “nada impedirá” e “nada embaraçará” o seu desejo de “trabalhar em prol do Brasil”.
Diante do estrago político que a delação de Sérgio Machado provocou, tentando minimizar os prejuízos à sua governabilidade e que este problema contamine as medidas econômicas já enviadas e que ainda serão mandadas ao Congresso, Michel Temer decidiu se adiantar e dar uma declaração à imprensa repudiando todas as acusações.
Em sua delação premiada, Machado vinculou o presidente em exercício a um esquema de propinas que, segundo ele, vigorou por cerca de 10 anos na subsidiária de logística da Petrobrás. Segundo o ex-presidente da Transpetro, Temer lhe pediu R$ 1,5 milhão para a campanha de Gabriel Chalita - na época no PMDB - à Prefeitura de São Paulo. É a primeira vez que Temer é associado diretamente à captação de recursos ilícitos na investigação da Lava Jato. A menção a Temer gerou tensão no Planalto.
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