A quebra de sigilo da "Lista de Machado", um catatau de 400 páginas de delações explosivas, envolvendo 25 políticos de oito partidos, incluindo o presidente interino Michel Temer, caiu como uma bomba de nêutrons sobre Brasília nesta quarta-feira, levando o presidente do Senado, Renan Calheiros, um dos denunciados, a defender até o impeachment do procurador-geral Rodrigo Janot.
Ex-senador do PSDB, indicado para a presidência da estatal Transpetro na cota do PMDB nos governos do PT, Sergio Machado não deixou pedra sobre pedra na sua delação suprapartidária que, além de Temer, atinge dez caciques do PMDB (entre eles, seis senadores e dois ministros do governo provisório), cinco parlamentares do PT, três do PSDB, dois do DEM, incluindo o presidente da sigla, José Agripino Maia, e um de PCdoB, PP, PSB e PV.
Quem vai sobrar para contar a história? Do jeito que vai indo, só ficarão de pé os palácios da Capital Federal. E é bom lembrar que ainda faltam as listas da Odebrecht e da OAS, anunciadas como as jóias da coroa das delações premiadas da Operação Lava Jato.
Do total de R$ 115 milhões movimentado pelo delator em propinas pagas para se manter no cargo, Sergio Machado disse ter destinado a maior parte, cerca de R$ 100 milhões, para políticos do PMDB, o antigo aliado do PT que agora comanda o governo interino.
Quem lidera a "Lista de Machado" de recebimento de mesadas no PMDB é justamente Renan Calheiros, acusado de ter recebido um total de R$ 32 milhões em parcelas de R$ 300 mil. Em seguida, aparece o senador Romero Jucá, ex-ministro de Planejamento de Temer, com mesadas de R$ 200 mil, num total de R$ 21 milhões. O ex-presidente José Sarney, segundo a delação de Machado, foi contemplado com propinas anuais num total de R$ 18,5 milhões.
A delação premiada do ex-presidente da Transpetro remonta a 1998, no governo FHC, quando ele era senador do PSDB. Machado denunciou que foram destinados R$ 25 milhões, em valores atuais, a 50 deputados da então base aliada em troca do apoio a Aécio Neves nas eleições para a presidência da Câmara naquele ano. Hoje Aécio é o presidente do PSDB.
O que mudou de lá para cá? O sistema político-partidário-eleitoral é o mesmo, os principais personagens no Congresso Nacional e na Esplanada dos Ministérios são os mesmos, apenas com o advento de algumas novas lideranças encarnadas na figura de Eduardo Cunha, hoje o principal alvo das investigações da Lava Jato.
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