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27 de janeiro de 2015

PRESO ORIENTA TRAFICANTE A MATAR DEVEDORES NO RN

Penitenciária de Alcaçuz é a maior unidade prisional
do estado
Encomendas de morte, entrada de celulares e drogas estão nas conversas que os presos do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte mantêm com pessoas do lado de fora das unidades prisionais do estado.

São mais de duas mil interceptações telefônicas que fazem parte das investigações da operação Alcatraz, deflagrada no dia 2 de dezembro em 15 cidades do RN e que também cumpriu mandados nos estados de São Paulo, Paraná e Paraíba. A ação foi realizada conjuntamente pelo Ministério Público Estadual, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar do RN.

A Coordenação de Administração Penitenciária (Coape) informou que um planejamento estratégico está sendo montado para tentar acabar com a atuação das organizações criminosas nos presídios. Sobre a utilização de celulares pelos detentos, o coordenador de Administração Penitenciária, Leonardo Freire, disse que o governo pretende instalar bloqueadores de sinais de telefonia móvel, mas ainda não existe uma previsão sobre quando isso vai acontecer.

As ligações foram feitas a partir da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Grande Natal - a maior unidade prisional do estado. Em uma das escutas, um preso conversa com um traficante sobre a cobrança de uma dívida. "Tô querendo ver como eu pego ele lá. Ele tá com carro, tá com tudo e não quer pagar mano (sic)", afirma o detento, revelando que tem R$ 14 mil para receber de um homem de Macaíba, também na região metropolitana da capital.

Do outro lado da linha, o suposto traficante deixa claro que, se for necessário, ele mesmo acertará as contas com o devedor. "Se você quiser, eu vou buscar ele lá dentro da casa dele. Só é arrumar dois boy aí (sic)", diz. De pronto, o preso informa que tem o equipamento e pessoas para executar o crime. O detento cita que tem as 'peças' [armas] e 'camisas' [coletes à prova de bala]. "Tenho ali, tenho mais as peças, tenho camisa, tenho tudo. Esses boy que eu vou mandar para você é da minha confiança. É meus primo, meus irmão, cara que fecha comigo até a alma (sic)".

Na mesma conversa, o preso também se disponibiliza a matar desafetos do traficante, caso seja preciso. "Quando um cara enrolar você e você vir que se prejudica naquele canto, você dá uma ideia a nós e nós pega. Tá ligado? Tem que ser um bagulho que tenha motivo. Não é por toda dívida que ninguém pode estar matando o povo. Até porque eu não gosto disso (sic)", diz o detento.

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